31 março 2006

A antinotícia e a síndrome do “Estou como?”

Por Olvídio Mor Horelhãns

Uma característica inerente da notícia é a novidade. A reportagem de Oscar Alho,“Alquimim apresenta candidatura a presidente e, pasmem, já começa a governar”, é a anti-notícia. Ora, não é surpresa nenhuma que Gerardo Alquimim esteja trabalhando, como descreve o texto.

Notícia será quando o Gerardo tirar férias e for pescar tilápia ou manjubinhas em “Pindamonhangabadahnagabada, sua cidade natal”, como anotou corretamente o jornalista.

Oscar Alho é um dos melhores repórteres de A Primeira Vítima. Porém está acometido por um distúrbio muito freqüente no jornalismo: síndrome do “Estou como”? Funciona assim: o profissional passa a conviver muito com a fonte ou cobrir sempre as ações de uma mesma figura pública. A proximidade é inevitável.

Surgem os primeiro sintomas. Sempre que se encontram, jornalista e entrevistado se cumprimentam com o tradicional “tapinha nas costas”. Com a evolução da síndrome, a relação se estreita. Nasce um carinho mais íntimo. Afagos discretos passam a ser corriqueiros.

Em estágio mais avançado, o repórter, carente, passa a depender da aprovação da fonte ou da figura pública. A pergunta mais freqüente passa ser “Estou como?”. Pronto. Já era. Só mesmo um psiquiatra pra dá jeito. Enquanto isso, o sujeito se empolga ao escrever e perde o senso de notícia. Eis a fase mais cruel do distúrbio.

A Central A Primeira Vítima de Jornalismo (CAPVJ) acompanha de perto o estado de saúde de seus profissionais. Ao menor sinal da síndrome, o colega passa por uma bateria de testes, na própria CAPVJ, para um diagnóstico preciso.

Diante dos resultados, o jornalista é convidado a adentrar uma salinha onde é devidamente espancado até criar vergonha na cara e voltar a trabalhar direto. Alho, a sua guia para atendimento já está pronta. Basta passar na CAPVJ em horário comercial.

30 março 2006

Formadores de opinião, descontração e reflexos apurados

Por Olvídio Mor Horelhãns

Eis uma seção de A Primeira Vítima que já caiu nas graças do povo: “Frases d’A Primeira”. Nossos leitores, ouvintes e telespectadores, em suma, nossos fãs vibram a cada leva de pensamentos sem igual. Trata-se de um espaço com forte inserção nos meios formadores de opinião, ampliando o leque dos mais variados debates.

Os veículos de comunicação mais tradicionais também já possuem tal espaço. “Então, o que diferencia A Primeira dos demais?”, pergunta o intrigado leitor. Há vários fatores. Um deles é justamente o alinhamento perfeito entre o premiado time de fotojornalismo e o seleto grupo de repórteres do noticioso.

Outro elemento que eleva a qualidade do que chega ao leitor é a saudável relação entre nossos profissionais e suas fontes. Isso possibilita um papo mais informal, levando a pessoa ao seu estado de naturalidade ímpar, sendo que alguns chegam ao auge da descontração, o que possibilita colher o pensamento em estado puro. O último trabalho da jornalista Julinha Botelho – FRASES D´A PRIMEIRA: Ruinzinho sai bem na foto – traz a essência desse conceito.

A naturalidade no comportamento do piloto se explica pelo fato de ele ter diante de si a deliciosamente competente Ju. Todo corredor tem familiaridade com curvas e possui reflexos apurados. Foi só o Ruinzinho bater o olho na Ju, que o fotógrafo de A Primeira captou o pensamento dele. Coube à brilhante jornalista nos traduzir aquele momento. Belo trabalho, Ju, mas depois a gente conversa melhor.

29 março 2006

O poder da mídia tem limites

Por Olvídio Mor Horelhãns

A matéria “Cerro anuncia pré-candidatura e entra de vez na disputa pela vaga”, do repórter naturalmente perfeito de A Primeira Vítima (é realmente necessário citar o nome dele?) demonstra com clareza o poder da mídia e os seus limites também.

Não é exagero dizer que ela pode fazer um candidato. E destruí-lo também. O Afonso, por exemplo, era fruto de uma construção midiática. Ora, que Afonso? Aquele do “l” dobrado. De expressão facial inesquecível. Que começava o discurso com a seguinte frase: “Minha geeeente”. Viu como você sabe quem é o Afonso.

No caso mais recente, evidenciou-se a força de A Primeira Vítima. Bastou noticiar as empreitadas de Gerardo Alquimim e de Luiz Embaço Lulla da Sinta, para o prefeito sair da toca e botar o time em campo. Mas, como a reportagem pôde constatar, o time estava desentrosado e houve muitos desentendimentos. O Cerro se empolgou. Queria bater o escanteio e cabecear ao mesmo tempo. Assim fica difícil.

O lamentável na matéria de Olvídio Mor Horelhãns, o perfeito repórter citado no primeiro parágrafo (detesto deixar o leitor menos atento com dúvidas), foi o fato de o Premiado Departamento de Fotojornalismo d’A Primeira Vítima (PDFAPV) tentar derrubar o jornalista não fornecendo em tempo o material para ilustrar a reportagem. Caíram do cavalo, pois mais uma vez o talento sobressaiu. E por falar nisso, tá todo mundo do PDFAPV demitido.

28 março 2006

Superando traumas e o tamanho da caneta

Por Olvídio Mor Horelhãns

O jornalista de A Primeira Vítima também é gente. Carrega consigo todas as vicissitudes de ser em constante transformação (poético, não?). Quando lemos, ouvimos ou assistimos a uma reportagem não imaginamos as superações vividas pelo profissional para noticiar.

Não me refiro a vencer problemas inerentes ao ofício. Falo dos traumas pessoais, cujos efeitos podem podar vários talentos. Portanto, é com muita alegria que recebo a matéria de Paco Figueroza, “Para executivo, ‘vai ficar tão apertado que mal vai caber a cabeça dos programas’”. Trata-se da expressão máxima de uma superação pessoal.

Figueroza sempre se manteve distante das estagiárias d’A Primeira. De minha parte, imaginei que tal comportamento era devido ao seu alto grau de profissionalismo. Foi quando um dia, ao passar pelo refeitório ouvi – sem querer – uma conversa reveladora.

Paco estava se abrindo justamente com uma de nossas estagiárias. E como resposta, ouviu: “Não importa o tamanho da caneta e sim o texto que ela proporciona”, disse a jovem, comovida com a situação anatômica do repórter. Tudo fez sentido.

A partir daí acompanhei com especial apreensão a carreira de Paco Figueroza. Temia que, quando se deparasse com uma pauta de forte apelo pessoal, pudesse recuar, não dar conta do recado. Mas ele venceu. O texto é um primor e não percebemos em momento algum qual é o tamanho de sua caneta. De fato, tinha razão a então estagiária Julinha Botelho.

27 março 2006

Efemérides: como elevar o nível de pautas datadas

Por Olvídio Mor Horelhãns

Existe algo que alimenta o jornalismo quase que diariamente: as efemérides. Há sempre uma datinha de algo a se comemorar. E tome pauta sobre o assunto. Ora é dia disso, ora é dia daquilo. A Primeira Vítima inova nesse conceito.

O noticioso sai do arroz com feijão e oferece ao leitor o que há de melhor no pensamento humano em datas expressivas, em vez de produzir algo manjando. Com isso, busca elevar o nível de matérias sazonais, burocráticas e que é mó bico de fazer.

Oscar Alho mandou bem na já tradicional seção “FRASES D’A PRIMEIRA”. Destacando o Dia Internacional da Mulher, deu voz a um ícone da causa feminina: o galão Kaju Molinterno. O repórter captou com exatidão o lado mais humano de Molinterno.

Nas linhas de Alho percebemos todo o engajamento, a sensibilidade (beirando a de uma pétala), o romantismo de uma das mais importantes personalidades do meio artístico. Diga-se, o ator é o tipo de pessoa que causa arrepios quando diz “Querida, cheguei”.
Bela pauta.

24 março 2006

Ocupações do Exército: agora que começa a investigação

Por Olvídio Mor Horelhãns

As duas matérias de Olvídio Mor Horelhãns, “Soldados no Rio sofrem ataques e corporação responde à altura” e “Onze dias depois, Exército recupera material roubado”, respectivamente nos dias 8 e 14 de março, cumprem apenas um papel: cobertura completa do factual.

Ambos os fatores que desencadearam as reportagens estão no que chamamos de “hard news”, ou seja, um episódio ocorrido de imediato. O repórter deve narrá-lo o mais rápido possível, pois se trata de uma notícia a que os concorrentes também terão acesso. Cada um por si.

Isso feito, restam algumas questões sem respostas. A devolução do material roubado, dez ursinhos de pelúcia e uma pantufa, ocorreu em que termos? Houve negociação? Com quem? Como o Serviço da Mais Alta Inteligência do Exército (SMAIE) chegou ao material? Por que não foram divulgadas as cores dos ursinhos? Sofreram tortura?

Essas e outras perguntas não querem... (achou que eu ia me valer daquele clichesão?) sair da cabeça de Horelhãns. Isso significa que o processo investigativo para dar conta de todas as respostas começa agora. E esse é trabalho para Olvídio Mor Horelhãns.

Portanto, o leitor, ouvinte e telespectador, enfim, o fã d’A Primeira Vítima pode ter certeza / que seu telefone irá tocar / em sua nova casa / que abriga agora a trilha / incluída nessa minha conversão / eu só queria te contar /que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia /e a vida que ardia /sem explicação / explicação, não tem explicação / explicação, sem explicação /explicação, não tem /não tem explicação / explicação, não tem /explicação, não tem /não tem...

23 março 2006

Interatividade, informações checadas e rechecadas e habilidades extra-profissão

Por Olvídio Mor Horelhãns

A interatividade na net é bem-vinda. O internauta (detesto essa palavra porque parece sempre que se trata de um babaca) propõe pauta, critica matérias e aponta possíveis erros. Isso aguça ainda mais o senso de responsabilidade dos repórteres d'A Primeira Vítima.

A matéria “RECORDE: Banda Klipsu reuniu 2 milhões em Santo André e Região”, da deliciosamente exata Julinha Botelho foi alvo de uma observação de um de nossos leitores. O senhor Miltinho Edilberto do Frevo afirma haver um equivoco na reportagem. Eis a mensagem.

Há um erro nessa matéria: na partida valida (sic, o sujeito esqueceu de pôr o acento) pelas eliminatórias da Copa 94, em Arrecife, o público total foi de 798 mil pessoas - faltou contabilizar as 28 mil pessoas que entraram de graça, entre convidados e penetras.

Abs, Miltinho Edilberto do Frevo


Ele questiona uma informação correta da Ju: “5 – Brasil x Bolívia – Eliminatórias da Copa de 94 – Estádio Mundão da Parruda, no Arrecife (PE) – [teve] 770 mil pessoas”. Com isso, abre importante discussão: a credibilidade das fontes de informação, oficiais ou não.

Outras questões cabem: Quando a informação parte apenas de uma única fonte? E se vier de instituições oficiais, como rebatê-la? Como confrontar números exclusivos, cuja metodologia de obtenção nem sempre é divulgada? No calor dos acontecimentos, é possível medir o interesse da fonte? Sinceramente, num tô nem aí pra isso...

Fiquei mesmo intrigado foi com as reais intenções do senhor Miltinho Edilberto do Frevo. Fiz um pedido ao Serviço Secreto de Santo André e região (SSSAer), que reuniu informações desse senhor. O relatório preliminar é categórico: trata-se de um tarado de mão cheia.

A ação do senhor Frevo não passou de uma vingança. Desconfiei desde o princípio. Que papo é esse de “abraços”? A Ju já havia me dito que sofrera forte assédio na cobertura do show da banda Klipsu. E um dos empolgadinhos era justamente o senhor Miltinho, que, pelo diminutivo, já não tem a menor chance com ela.

Aliás, a repórter só foi escalada para tal pauta porque insistiu muito. Isso porque a Ju, quando não está de bloquinho na mão, faz grandes performances “coveres” da vocalista Juelma. “Ela é minha ídala”, afirma com autógrafo nas mãos e lágrimas nos olhos.

E advinha quem acompanha a intrépida repórter em tal atividade artístico-cultural? Sim, Oscar Alho, que fica impecável como Ximbinha, inclusive adotando o mesmo visual do músico. “Ajuda no orçamento”, diz. Tais habilidades extra-profissão enchem de orgulho todos os colegas.

22 março 2006

Se o craque antevê a jogada, o bom jornalista prevê a notícia

Por Olvídio Mor Horelhãns

O ilustre jornalista esportivo Pensando Noguera disse certa feita que o craque antevê a jogada, numa diferenciação dos chamados “cabeças de bagre” do futebol. Vou além. Estendo o conceito ao jornalismo: o bom profissional prevê a noticia, mata no peito, põe no papel e corre pro abraço.

O exemplo mais recente de tamanha habilidade está no texto “’Ão, Ão, Ão, Gerardo é seleção’, gritam criancinhas bem alimentadas”, do futebolístico Olvídio Mor Horelhãns, com atuações inesquecíveis em campeonatos no Brasil, no mundo e em Santo André e região.

A matéria encantou a galera das arquibancadas, no caso, nossos leitores, ouvintes e telespectadores. Muitos ressaltaram a feliz tabelinha entre texto e fotos, cujo destaque é o leguminoso Gerardo Alquimim.

Outros fãs d’A Primeira Vítima, porém, demonstraram deveras preocupação com a integridade do repórter. Questionaram a validade de colocá-lo diante de imagens imensuravelmente ridículas, o que, no entender deles, poderia gerar sérios danos psicológicos. Faz sentido.

Por isso, consultei o departamento médico das Organizações A Primeira Vítima. A resposta que obtive traz tranqüilidade a toda torcida brasileira. De fato, Horelhãns sofreu um dano aqui outro ali, mas nada que o impeça de atuar no excelente time do noticioso. Bola pra frente, garoto.

21 março 2006

Bagagens culturais, o que vier tem de traçar e complete a frase

Por Olvídio Mor Horelhãns

O jornalista que deseja se destacar em A Primeira Vítima deve ter versatilidade, bagagens culturais e ser perfeito. Todos os profissionais do noticioso possuem os dois primeiros atributos, porém apenas Olvídio Mor Horelhãns atinge o terceiro com naturalidade. Fazer o quê?

Isso fica claro na matéria de Horelhãns, “16 escolas de samba empatam no primeiro lugar em Santo André”. O repórter foi simplesmente um luxo no quesito cobertura, um arroubo no item texto e o máximo no aspecto pauta.

Horelhãns extrai com perfeição dos fatos a notícia. Evita cansar o leitor com detalhes irrelevantes. Ora, para quê apurar a compra de sambas-enredo, a manipulação de resultados, a depreciação dos verdadeiros donos do Carnaval, oriundos das chamadas “comunidades”, a pressão pela escolha de temas avessos a nossa maior festa popular ou mercantilização da cultura por meio de bondosos e desinteressados patrocínios? Isso enche o saco de qualquer folião.

O talento do repórter mais uma vez se expressa em sua versatilidade, enquanto que muitos defendem ser saudável para o jornalismo uma pretensa especialização. Discordo. O profissional da comunicação deve, por incrível que pareça, comunicar. O que vier tem de traçar. Afinidade com esse ou aquele tema é outra história.

Portanto, felizes são aqueles que têm em seu convívio Olvídio Mor Horelhãns, lenda viva do jornalismo nacional, internacional e de Santo André e região (Fala a verdade, caro leitor, você já estava com saudades dessa expressão, que já marcou gerações e gerações nas comunicações do Brasil, do mundo e, claro, em... Viu como você mesmo completou a frase.).

16 março 2006

Amor à profissão, senso de notícia e antecipação dos fatos

Por Olvídio Mor Horelhãns

Zurick Spantus é exemplo de profissional dedicado. Seja na folga, seja nas férias ou na lua-de-mel, ele não deixa a notícia escapar. O repórter de A Primeira Vítima, em merecidas férias desde outubro de 2005, captou em pleno período de descanso a informação que vez a diferença na cobertura da passagem do U-II pelo Brasil.

O texto “Furo de reportagem: Bongo Voxx pede cidadania brasileira” despertou grande atenção dos leitores, principalmente da ala feminina. O interesse foi tanto que, somente no dia da publicação da matéria (28/02), o ombudsman recebeu 10.002 e-mails. Isso é o que eu chamo de senso de notícia.

A preocupação foi a tônica das mensagens. A pergunta mais freqüente era: “Onde Bongo Voxx irá morar?”. Mais de 98% das leitoras diziam ter um cantinho para o cantor. Frases como “dou casa, comida e roupa lavada” vieram aos montes. Impressionante o carisma de Voxx.

Outro foco de manifestações foram as dificuldades do Bongo em assimilar o idioma local. Uma delas conseguiu sintetizar o espírito da coisa: “Com tanta beleza acumulada, você acha que eu vou prestar atenção no que ele diz?” Desconfio que a frase revele um dos segredos para o sucesso da banda.

Spantus ainda praticou uma das melhores características do time de repórteres d’A Primeira. Não, caro leitor, ele não chutou nenhuma informação. Simplesmente antecipou quem será o suposto possível futuro Ministro da Cultura de um suposto eventual novo mandato de Lulla: Bongo Voxx. Com isso, o jornalista reforça a marca do noticioso, qual seja, extrair os elementos políticos de cada ação dos agentes públicos. Belo trabalho.

15 março 2006

As coisas nos seus devidos lugares e os mistérios nacionais

Por Olvídio Mor Horelhãns

Tornou-se lugar-comum atribuir a algumas instituições brasileiras os piores adjetivos no que se refere à atuação de seus integrantes. A prática leva a uma perigosa generalização. O jornalista atento não embarca nessa onda.

Leitores de A Primeira Vítima receberam com satisfação – assim demonstraram as 1.895 cartas que chegaram a esse humilde ombudsman – a matéria de Olvídio Mor Horelhãns, “Câmara dos Deputados faz justiça social e concede ótima aposentadoria a trabalhadores do Brasil”.

As manifestações se concentraram em apontar que o texto presta grande serviço de esclarecimento sobre o elogiável empenho dos parlamentares às vésperas do Carnaval. Um de nossos fãs chegou a escrever que o texto de Horelhãns colocava as coisas nos seus devidos lugares. Concordo.

Porém há algo que sempre me intrigou. Quem serão os responsáveis por rechear a Câmara, no particular, e o Congresso, no geral, de seres tão iluminados?? Seria obra do Divino Espírito Santo, de Byn Lhaden, de uma força extraterrena?? Para mim, trata-se de um mistério nacional.

04 março 2006

Escorregadela do repórter, terapia em grupo e indispensável contribuição à nação

Por Olvídio Mor Horelhãns

Ocorreu uma escorregadela no texto “ÚLTIMOS RELEASES: Bancos agradecem clientes por lucros bilionários”, do brilhante jornalista d’A Primeira Vítima John Renner. Ele registrou bem o que disseram nossos queridos banqueiros e seus funcionários. Mas, sobre a galera que pega fila todos dias nas agências, nada.

São esses os verdadeiros astros da matéria. Trata-se de um pessoal animado, com disposição fascinante. Assim que as portas dos bancos se abrem, lá estão eles correndo feito loucos em busca de um caixa livre. Nem todos conseguem. Aí organizadamente formam aquelas filinhas para, sabendo previamente disso, passarem horas ali.

E eis o momento em que se inicia um dos melhores serviços prestados pelos nossos queridos banqueiros: concentrar o maior número de pessoas possível para nos proporcionar, com conforto e segurança, uma terapia grupal na qual podemos falar mal do que quer que seja. Atire o primeiro boleto, conta de água, luz ou telefone quem nunca fez uso desse serviço.

Repare como saímos mais leves depois de passarmos por tal experiência. Durante horas, podemos discutir qualquer assunto, esgotá-lo e elegermos outro para descermos a lenha. E para melhor efeito do serviço, a fila custa a andar. Sen-sa-ci-o-nal!

Portanto, é imperdoável que John Renner não tenha registrado tal contribuição à nação. O Manual de Redação, Deveres e Procedimentos de A Primeira Vítima é claro: devemos ouvir todos os lados.