31 julho 2005

Mostrando tendências

Por Olvídio Mor Horelhãns

Um dos desafios do jornalismo político é mostrar tendências, alternativas, sem se deixar envolver. Isenção é tudo. Nesse sentido, o Primeira Vítima possui o melhor quadro de repórteres profissionais do mais alto nível. Coisa fina mesmo. A matéria “Gerardo Alquimim comenta a morte da cachorra”, de Paco Figueroza, do dia 29 de julho, deixa claro os conflitos que atingem a cabeça e o bolso de um jornalista desse setor.

Paco consegue com dignidade e perfeição ater-se apenas aos fatos. Nem a posição de jornalista-chefe da assessoria de imprensa de Alquimim o influencia na hora de redigir seus textos. Ganham os leitores. Na reportagem, Figueroza tira o véu que cerca qualquer figura pública. Mostra um Alquimim humano, sensível, preocupado com o próximo: “Munido de seu capacete plástico amarelo, o Governador empurrou um carrinho de mão, cumprimentou operários, deu autógrafos e posou para fotos”. Aqui fica o maior mérito nas linhas de Paco Figueroza. Belo trabalho.

Por um jornalismo mais humano

Por Olvídio Mor Horelhãns

Dentre as boas características de um excelente repórter está a arte de contar belas histórias (levei seis horas para formular esta frase). E é com lágrimas nos olhos (às vezes me pergunto de onde mais poderia ser) que leio a matéria “Cadela do presidente Mula morre de desgosto”, de Oscar Alho do dia 29 de julho. Um relato humanizado de uma tragédia na política nacional.

Peço licença aos caros leitores do Primeira Vítima para deixar minha homenagem a Mi, como era carinhosamente chamada pelos mais próximos. Muito compreensiva, sempre tinha um latido amigo nos momentos mais difíceis. Lembro-me de uma frase dela ao anunciar que iria me ajudar na busca de um emprego: “o máximo que posso fazer por você é lhe dar um salário mínimo”. Eu estava há quatorze anos desempregado e sua pata amiga foi de grande valia.

A maior qualidade de Mi era a fidelidade canina ao presidente, a exemplo do ex-guerrilheiro, ex-ministro chefe da Casa Brasil, e atual deputado todo-enrolado José Sifu(o resto é por sua conta). Michelle tinha livre trânsito junto à intelectualidade da USPi e não dispensava um torresminho nos bares da 25 de Março, no centro da capital paulista. Não raro dava uma passadinha nas lojas Dasloo, da amiga e confidente Elyiyanaa Trancada, para repor peças básicas de seu guarda-roupa. Era descolada.

Em companhia de seus donos, conheceu o mundo e sempre lembrava dos amigos no retorno de cada viagem. A experiência adquirida ao redor do globo dava a Michelle todas condições de assumir a Coordenação Política e futuramente surgiria naturalmente como nome forte para 2006. O meio político, em particular, e o país, no geral, amanhecem mais pobres com a ida de Mi para o além.

O furo jornalístico

Por Olvídio Mor Horelhãns

O furo jornalístico é a apoteose de um profissional. Trata-se de dar a notícia (eu disse “a notícia”) em primeira mão, seja lá qual delas tenha sido utilizada para obter a informação. Porém, exige atenção, responsabilidade, olhos claros, talão de cheques, e sobretudo, ética. Aproveito a oportunidade para deixar aqui registrado o pilar do pensamento do maior jornalista de todos os tempos, segundo seus próprios pares no Brasil, no mundo e em Santo André e região, Olvídio Mor Horelhãns: “Sem ética, não há ética”. E também anunciar a venda de um Passat azul-calcinha, ano 78, quatro portas, único dono. Interessados devem mandar mensagens para olvidiomorhorelhans@institutoolvidiomorhorelhans.org.gov.com.br.santoandreeregiao

Pois bem, o repórter Oscar Alho, embora viva seu momento de clamour na passarela do jornalismo (Nossa! Que expressão poética! Eu tô demais!) mais uma vez pisa no tomate e escorrega no quiabo em matéria do dia 29 de julho “Dasloo vendia habeas-corpus falsificado”. O garotinho não ouviu a dona da loja, Elyiyanaa Trancada. Recebi uma ligação dela indignada. Após os palavrões de praxe, disse que considerava a reportagem “desagradável” e de “baixo calão”. E exclamou: “Ninguém merece!”

Dona Trancada, leitura assídua do Primeira Vítima e anunciante preferencial deste noticioso, se diz vítima (não resisti ao trocadilho) de uma ação da concorrência. Ela afirmou que o senhor Jelson Nobim quer o monopólio do comércio de habeas-corpus. Disse também possuir fotos deste senhor tirando catota do nariz enquanto a mercadoria é produzida. “No meu estabelecimento isso jamais ocorreu”. O jornalista Oscar Alho deve uma resposta aos leitores e principalmente à dona Elyiyanaa Trancada, dona da Dasloo.

Os leitores também reclamaram da matéria. Entendem que faltou prestar um serviço. Por quanto sai um habeas-corpus nas lojas do STF? Aceitam cartão? Fazem em quantas vezes? E a primeira prestação é só para daqui a quantos dias? Na compra de cinco ou mais tem algum brinde? Faltou dedicação total aos leitores. (Essa foi podre...)

29 julho 2005

O risco da notícia

Por Olvídio Mor Horelhãns

A cobertura de casos policiais exige experiência, sangue frio (sobretudo dos corpos que contribuem para a nossa profissão) e um talão de cheques. Munido dessas qualidades, o repórter Paco Figueroza também teve muita coragem ao fazer uma cobertura exata do tráfico na Cidade Maravilhosa. Seu texto “Polícia toma o controle do tráfico no Vidigal”, de 29 de julho é um primor.

Figueroza buscou ouvir todos os lados, inclusive o inacessível ex-secretário de Segurança Pública do Rio e atual primeiro-cavalheiro do Estado, Armandy Amiguinho. Lamentavelmente o Ministro da Justiça, Cássio Mordaz Pastos, procurado insistentemente pelo jornalista, fez beicinho e o repórter não obteve resposta. Valeu o esforço, meu caro.


Outro destaque no texto de Paco é o serviço prestado. Logo no dia seguinte à ação policial, o repórter informa que “a venda de entorpecentes já estará regularizada, e sob o controle da força policial”. É o Estado fluminense cumprindo sua função: segurança e tranqüilidade a todos. Com esse tipo de notícia, já dá para começar a acreditar num mundo melhor, no futuro das criancinhas, no fim da fome, na confraternização entre os povos, na paz mundial. Pode crê, bicho, emocionô!!!!

28 julho 2005

Os desafios de uma cobertura no exterior

Por Olvídio Mor Horelhãns

A cobertura internacional de A Primeira Vítima é referência mundial e em Santo André e região. Recebo todo santo dia na redação grupos de estudantes de comunicação (esses caras não têm o que fazer) interessados nesse segmento. Acham que a vida é ficar viajando. Eles, sim, viajam achando que vão mudar o mundo sendo jornalistas. Ridículo! Mas, como parte da taxa das inscrições das visitas à redação cai em minha conta, tenho de agüentá-los.

A matéria “Polícia Secreta do Metrô frustra novo ataque terrorista”, de John Renner do dia 28 de julho foi a mais comentada entre os nossos visitantes. Eles ficaram impressionados com o estilo empregado. Tive de lembrá-los que todos os jornalistas do Primeira passam por um curso intensivo de escrita comigo. E, claro, começam a grafar minimalmente bem.

Outra ferramenta do fazer jornalístico muito elogiado pelos alunos foi a utilização, por parte de John Renner, do inter-título, que são aquelas palavrinhas entre os blocos de textos de uma matéria. Expliquei a eles que o recurso visa trazer leveza à leitura. Oferece um descanso ao leitor, introduzindo as próximas informações. É justamente este artifício que tento ensinar durante os seis meses de um de meus cursos aos profissionais do Primeira Vítima. E quando um deles acerta, eu fico todo orgulhoso.

O que não dá para agüentar é um marmanjo com o John Renner pedir emprestado as minhas canetinhas coloridas para explicar os mais variados tons dos alertas dos nossos amigos e aliados Estados Unidos. Ele não as devolveu ainda. Bastaria dizer que os alertas têm por objetivo proteger nossos parceiros, bem como Santo André e região, de ataques terroristas. Simples, não?

O jornalista frente a frente com a notícia

Por Olvídio Mor Horelhãns

Com as facilidades da vida moderna (telefone, fax, Internet, microondas, chinelos de dedo, controle remoto e motoboys) o jornalista tende a passar mais tempo nas redações. Mas, quando tira a bunda da cadeira, consegue fazer alguma coisa que preste. Esse é o caso do brilhante repórter Oscar Alho. Aliás, pela produção e desenvoltura apresentadas ao Primeira Vítima, desconfio que ele deve ter uma fábrica de clones. Não é possível, o porra não pára em lugar nenhum e traz notícias de todos os lados. Enfim, em sua conversa com a senadora e sósia do cangaceiro Lampião Eloiza Elena ele esteve frente a frente com a notícia. (Apenas devo lembrá-lo de que as Organizações Primeira Vítima não pagam insalubridade).

E tem mais: nos traz a nós, admiradores implacáveis do jornalismo de qualidade, um conceito novo: a entrevista-pílula. E me perguntaria aquele jovem estudante de comunicação social, ou o já experiente colega de profissão: o que seria uma entrevista-pílula??? Eu responderia, com toda a singeleza: vai à merda; leia o texto de Oscar Alho e veja por si mesmo!!

27 julho 2005

A multidisciplinaridade no jornalismo

Por Olvídio Mor Horelhãns

Abrir o espectro, relacionando itens diversos. Eis o desafio do repórter. E Oscar Alho nos traz essa possibilidade na matéria intitulada “Kernanda Farina aceita convite para posar na Brazil”, de 27 de julho. Em poucas linhas, Alho consegue aglutinar com rara eficiência crise política, revistas para público masculino de qualquer espécie, TV, história, artes, entretenimento, futebol, jogo da velha, esoterismo e cinema nacional. Sobre este último, antecipa a mais nova empreitada Kernanda Farina, a ex-secretária do empresário mineiro Calvus Valério, mas fica devendo o nome da película.

Oscar Alho comete outro deslize: faltaram umas aspinhas do premiado ator Alexandre Froca, citado no texto. Afinal será ele que enfrentará para deleite geral, além de Farina, Rosenery, a esquecida fogueteira do Maracanã, e a decadente ex-chacrete Rita Calhambeque. A metade do público de A Primeira Vítima, segundo pesquisa do DataVítima, é feminina. O que explica grande parte das reclamações pela ausência das considerações de Froca.

Um bom exemplo

Por Olvídio Mor Horelhãns
Embora raros, os acertos dos profissionais de A Primeira Vítima devem ser destacados. O exemplo vem do texto “Polícia britânica mata, mas não estupra”, de Paco Figueroza do dia 26 de julho. O repórter mandou bem. Ouviu várias fontes, utilizou com maestria todos os recursos (tradutor de plantão na redação, agências internacionais, viagem de segunda classe, economizando em tempos difíceis para a mídia) e nos trouxe detalhes culturais riquíssimos, como o curso noturno oferecido aos policiais londrinos “que procura instruí-los sobre as sutis diferenças entre os radicais islâmicos e os migrantes latinos”. Além disso, não foi contaminado pelo deslumbre da viagem.

Quando surge uma oportunidade dessas, muitos colegas nas redações se estapeiam pela vaga. Paco Figueroza manteve a classe. Descarregou um 38, sem mover um único músculo do rosto, naquele que era seu rival direto para ida a Londres.

O arremate do texto tem na fala do senhor Maulo Paluff uma brasilidade total. Trata-se da cena de pessoas pulando as catracas do metrô na capital paulista. Tocou meu coração. Quem já viu, sabe do que estou falando: aquela correria; pessoas catando o chamado cavaco. Um atropelo de dar gosto. E que nos enche de orgulho. Aproveito a oportunidade para agradecer ao senhor Maulo Paluff pela lembracinha. Já mandei calcular o IPVA.

Quanto vale o show?

Por Olvídio Mor Horelhãns

A reportagem “Michael Jeffersson promete ‘dar show’ em novo depoimento”, de quarta-feira (27), do jovem repórter Oscar Alho abre espaço (não sei por que, mas adoro esse chavão) para discutirmos algumas questãs no fazer jornalístico atual de hoje e de ontem: 1) a manipulação do jornalista pelo entrevistado; 2) ouvir todos os lados. Outra riqueza é fazer uso de uma outra função deste ombudsman: dar voz àqueles que se sentem prejudicados pelas letras de um profissional de A Primeira Vítima.

O senhor Michael Jeffersson (Petebê-RJ) está numa merda completa e não tem nada a perder. Nem o olfato. Com isso envolve tudo e todos nesse odor. O repórter Oscar Alho foi sua vítima, bem como o Michael lá dos EUA, que recebeu um ataque e não foi ouvido. Aqui estão os dois problemas na matéria de Oscar Alho. Espero que esses erros não se repitam, viu menino!

O terceiro item é dar voz aos nossos leitores. O Michael lá dos EUA me ligou indignado exigindo um direito de resposta: “Horelhãns, o Oscar Alho, autor dessa molecagem que está no conceituadíssimo A Primeira Vítima, tem quantos anos?” Eu disse: “Pelos nossos cadastros, 12 anos de idade. Por quê?” “Ahhhhhhhhhh”, suspirou o astro. E continuou “Exijo meu direito de resposta. Quando ele escreve '‘pegou geral’ a molecada, e acabou saindo inocentado, na vertical' se referindo a minha pessoa, magoô. Tenho um ne-go-ci-nho para esse menino. Quero ele a-qui; as despesas ficam por minha conta. O importante é nós conversarmos pe-sso-al-men-te.”

Percebi a riqueza da oportunidade. “Tudo bem, mas preciso desligar se não serei multado.” “Não! Não faça isso eu pago o valor” “Aqui é de cinco milhões de reais” “Nossa! Caro, não” “É que estou no limite de Santo André e região” “Puxa, acabo de ser autuado!” “Tudo bem, você me garante que terei meu direito de resposta com o Oscar Alho?” “Sim!!!” “Então passa o número de sua conta.” Como ombudsman deste noticioso, não vejo problemas em o jovem repórter Oscar Alho dar o direito de resposta ao Michael lá dos EUA in locu.

Ombudsman: a verdadeira origem da palavra

Caros leitores,

Muitos dizem saber a origem da palavra ombudsman, mas só uma pessoa que tenha estudado a etimologia a fundo, com pós-doc em oito universidades de Santo André e região, pode verdadeiramente falar com propriedade. No caso, nada mais nada menos do que Olvídio Mor Horelhãns.

Segundo eu, ou melhor, o estudioso, a palavra ombudsman é de origem nacional. Mais precisamente de Santo André e região. Sofreu influência anglo-saxã. O prefixo "om" é uma variante do "on", que por sua vez vem de "The book is ON the table." Assim, "om" significa "em cima de", "por cima de", "em riba de".

O radical "buds", essência do vocábulo, tem origem no oculto reflexível de terceira pessoa da expressão já consagrada de nosso folclore nacional "segure o tchan / amarre o tchan / segure o tchan / tchan tchan tchan tchan". E por fim o sufixo "man", também de origem anglo-saxã, que fecha o significado da palavra, dando a masculinidade necessária às atribuições do profissional.

Portanto, numa tradução livre, ombudsman significa "homem que fica por cima da bunda". Em outras palavras, aquele que coloca no... dos colegas. Claro, com o aval dos prezados leitores.

Olvídio Mor Horelhãns.
“Sem ética, não há ética” – frase pilar do pensamento olvidiano.