28 dezembro 2005

O pessoal e o profissional

Por Olvídio Mor Horelhãns

Não há nada de errado em um jornalista abraçar uma causa. Isso pode até ser um precioso estímulo para vencer a rotina de uma redação. Porém, quando a bandeira é de interesse pessoal, não fica bem para o profissional misturar as esferas. Isso prejudica sua credibilidade.

Parece-me que os elogios aqui destinados ao repórter Oscar Alho lhe subiram à cabeça. Na matéria, “BOMBA: Gaetano Dengoso critica Lulla e diz que vai criar o PGuei”, Alho utilizou toda a sua credibilidade para iniciar a fundação de um partido político, fato agravado pela omissão para nossos leitores de sua participação ativa (ou passiva, não importa) na construção da nova legenda.

Um acaso, caro leitor, levou-me a descoberta da participação do ambíguo repórter na iniciativa que até então, como noticiou o jornalista d’A Primeira Vítima, era encabeçada por Gaetano Dengoso. O cantor ligou para a redação do noticioso e pediu para falar com o símbolo de toda uma geração. Naturalmente achei que era comigo. Porém, ao pedir o endereço da confecção oficial da Parada AiAiAi-UiUiUi, notei que o buraco era mais embaixo.

“Oscar Alho, sua tolinha, queremos presentear nossos filiados com uma fantasia parecida com a que você utilizou na última Parada. Temos as fotos da sua performance. Você arrasou São Paulo em ‘chamas’, menina.”, disse Dengoso. Imediatamente falei ao cantor que ele estava conversando com o maior jornalista do Brasil, do mundo e de Santo André e região. Dengoso se desculpou e afirmou que iria ligar para o celular da Valeska Aparecida (nome de guerra do intrépido jornalista).

Daí foi só ligar os pontos: fato nº 1 – Oscar Alho esperneou, chegando a rolar no chão, para cobrir a Parada AiAiAi-UiUiUi na capital paulista, pois estava escalado para outra pauta; fato nº 2 – Alho faz uso de seguranças, justificando que precisa de alguém por detrás dele para se sentir mais seguro; fato nº 3 – uma das expressões prediletas dele é “adoro dar o furo”; fato nº 4 – sempre recebe em seu apartamento primos vindos de todas as partes do Brasil e outros do exterior.

Ao ser notificada, a direção de jornalismo d’A Primeira Vítima decidiu manter Oscar Alho na equipe. Houve apenas uma advertência, conhecida popularmente como “comida de rabo”, a qual o repórter tirou de letra. O episódio serve de alerta para que os demais colegas não misturem o pessoal com o profissional. E quando o fizer, por favor, escolham um nome de guerra mais original.

27 dezembro 2005

A importância de frases importantes

Por Olvídio Mor Horelhans

Um noticioso deve mostrar ao seu leitor, ouvinte ou telespectador o quanto o veículo é importante no cenário nacional. Com isso, o próprio leitor, ouvinte ou telespectador se sente importante no cenário nacional. Há várias maneiras de fazer isso. Uma delas, inclusive, já foi assimilada por importantes bandas de forró, pagode, axé music e grupos de rap, que é a autocitação.

Outra maneira de dizer ao leitor, ouvinte ou telespectador “olha como a gente é importante” é abrir espaço para importantes frases de personalidades importantes. Assim, é possível dar um status mais, digamos, honroso à fofoca, à calúnia, à picuinha, à difamação e sobretudo à verborragia (que belíssima seqüência de crases, hein).

O efeito dessa prática é arrasador. Aquele que por algum motivo, geralmente nobre, perdeu as notícias do dia anterior tem a oportunidade de saber o que foi dito e ao mesmo tempo – dependendo do valor que atribui ao importante cenário nacional – de se sentir um merda por não ter acompanhado tal informação importante.

A Primeira Vítima sabe de sua importante posição no cenário nacional. Em solidariedade à concorrência decidiu utilizar o mesmo expediente, no caso, a seção “Frases”, pois a autocitação seria uma prepotência desnecessária a este veículo. Nesse sentido, é extremamente elogiável a iniciativa do repórter Oscar Alho, mestre em pesquisas no Google, em abrir a seção “Frases d’A Primeira Vítima”.

Personalidades das mais diversas esferas estão doidinhas para soltar uma importante abóbora e vê-la publicada neste noticioso. A Primeira Vítima agradece o importante esforço desses ilustres cidadãos e aproveita a oportunidade para reafirmar seu compromisso em publicar toda sorte de abóboras, numa clara contribuição à democracia brasileira.

20 dezembro 2005

Jornalismo investigativo, a verdade e lágrimas num fim de tarde

Por Olvídio Mor Horelhãns

A Central A Primeira Vítima de Jornalismo (CAPVJ) investe pesadamente em equipamentos, tecnologia e recursos humanos para oferecer a você, caro leitor, a melhor informação de forma ágil e precisa. Com isso, o jornalismo investigativo deste noticioso vem galgando (sempre achei bonita essa expressão) os maiores prêmios do Brasil, do mundo e de Santo André e região.

A Primeira Vítima foi agraciada internacionalmente pela matéria “EXCLUSIVO: Miego Daradona transportou dólares de Cuba para o Petê”, do excelente repórter Oscar Alho (depois desse elogio, vê se me paga o que deve). Trata-se do prêmio “A verdade está lá fora. Peça para ela entrar”, concedido pelo Institut of Journalism at Journalism on Journalism for Journalists, em parceria com os Repórteres Sem Fronteira, Sem Limites e Sem Papas na Língua.

O repórter d’A Primeira fez uso de todas as ferramentas disponíveis na CAPVJ com grande maestria, sobretudo do sofisticado mecanismo de busca. Após 19 segundos de pesquisa, o incansável Oscar Alho já havia conseguido toda a documentação necessária para desmascarar mais uma mutreta por aí.

Para obter maior grau de qualidade em suas linhas, Oscar Alho recorreu ao vasto arquivo fotográfico da CAPVJ. Com todo o material em mãos, foi batata: Alho redigiu o texto em 83 segundos cravados. O resultado não poderia ser diferente, ou seja, mais um prêmio internacional, o vigésimo oitavo do ano.

Deixando toda a inveja de lado, a equipe d’A Primeira fez questão de cumprimentar o colega, cena esta que me arrancou algumas lágrimas num fim de tarde de um belo dia de primavera.

12 dezembro 2005

Contribuições à academia, aos leitores e à uma sociedade melhor

Por Olvídio Mor Horelhãns

A rotina de um profissional de grande mídia é excessivamente desgastante. São várias reportagens (no jargão jornalístico: pautas) em um mesmo dia. Geralmente, quando não está nas ruas, fica ao telefone para checar informações, entrevistar ou pedir pizza para o fechamento.

Esse corre-corre dificulta o acompanhamento de um trabalho outrora realizado. Ao atualizar um assunto, o jornalista conta ao leitor uma história com começo, meio e fim. Porém raros são os repórteres com essa sensibilidade. Nesse sentido, um dos maiores destaques de A Primeira Vítima é Julinha Botelho em “Cidadãos de bem comemoram vitória do ‘não’ no referendo”.

A Ju descreve com charme, elegância, simpatia e classe como pessoas de classe querem democraticamente fulminar indivíduos de outras classes, sobretudo os desclassificados. Trata-se de um belo serviço à sociologia nacional, cujo registro deve figurar entre as mais importantes compilações da academia, ansiosa por organizar grupos de estudos, simpósios, seminários e congressos, em que participantes aplaudem até mesmo os espirros (para ficar somente nesses sons orgânicos) dos convidados.

Acompanhou o trabalho da Ju o ensaio fotográfico produzido, dirigido e assinado por Oscar Alho. O repórter foi muito elogiado pelos nossos leitores, ávidos pelas imagens de seus ídolos. Muitos manifestaram extrema satisfação pela nossa cobertura sobre o referendo. Disseram receber informações precisas para subsidiarem a escolha, qual seja, detonar o seu próximo, ou distante mesmo, dependendo do porte da arma. Parabéns à equipe.