26 outubro 2005

Linha editorial, interesse público e suco de mangaba

Por Olvídio Mor Horelhãns

Uma pesquisa realizada recentemente com empresários, políticos e jornalistas de 50 países revelou que o “New Nhoque Times” deixou de ser o jornal de maior prestígio no mundo. Caiu para sétimo lugar. O que ficou meio escondidinho foi o nome do noticioso que ocupa o primeiro posto. Não pretendo ofender a inteligência do prezado leitor revelando tal informação. Seria falta de humildade.

O que posso afirmar é que aumentou ainda mais a nossa responsabilidade. A Central A Primeira Vítima de Jornalismo sabe do poder de fogo de sua linha editorial. E nem por isso abusa desse status. Basta que nossos chantageados paguem as mensalidades rigorosamente em dia e tudo será lindo.

O interesse público é outro norte d’A Primeira. Trata-se de uma conjugação semântica. De nossa parte, temos, sim, interesse em engordar a conta bancária. Por sua vez, nosso público busca a melhor informação. O casamento é perfeito: a gente escreve o que eles querem e recebemos por isso. Daí a importância de orientá-los.

A matéria “
7 razões para votar NÃO à campanha antidrogas” é um primor em informação. A jornalista Julinha Botelho, de penteado novo, liquidou a questão com maestria. Um bom trabalho deve responder com exatidão, rigor, isenção e demais balelas existentes às dúvidas do leitor.

A Primeira Vítima acertou em dar capa para tema tão importante. Alimentou todas as convicções de nosso público. O texto é saboroso. Ao lê-lo, senti-me como se estive degustando um suco de mangaba. Parabéns, Ju, pelo novo visual e pela matéria.

16 outubro 2005

Coragem, repercussão e a tiazinha do refeitório

Olvídio Mor Horelhãns

Tem que ser muito macho para publicar matérias denunciando, ou melhor, provando a promiscuidade de alguns jornalistas. É caso de Olvídio Mor Horelhans, que não é promíscuo, mas é um dedo-duro de primeira, ou melhor, de A Primeira Vítima.

Somente o melhor jornalista do Brasil, do mundo e – só para lembrá-lo, caro leitor – de Santo André e região poderia estar à frente de uma série de reportagens emocionantes: “Especial: Jornalistas d’A Primeira Vítima prestam consultoria a envolvidos em corrupção”. Na primeira (de muitas que virão, aguardem) Horelhãns, após retirar a uma pulga que estava atrás de sua orelha, desvenda como Oscar Alho conseguiu incrementar o seu patrimônio.

A repercussão do primeiro texto foi imediata. Oito segundos após a publicação, a residência do corajoso jornalista foi metralhada, fuzilada, bombardeada e, finalmente, exterminada da face da Terra. “Não há consagração maior”, afirmou Mor enquanto limpava de seus calcanhares um composto orgânico de forte odor, resultante de forte abalo emocional.

O Serviço Secreto de Santo André e região (SSSAr) e o Serviço de Inteligência de Santo André e região (SISAr) obtiveram informações exclusivas e antecipadas sobre a ação contra Olvídio. Só que esqueceram de avisá-lo. “Não sei porque que continuo bancando esses idiotas”, afirmou Horelhãns ao ombudsman deste noticioso.

Porém Olvídio é um jornalista com fontes. Uma tiazinha que trabalha no refeitório do Conglomerado d’A Primeira ouviu um bochicho e informou o intrépido repórter. “O senhor Alho tá uma fera com o senhor. Eu acho que o bicho vai pegá pro seu lado. E vai ser hoje à noite”, sussurrou a tiazinha. Graças à prudência, Mor conseguiu escapar. Os leitores aguardam, ansiosos, a próxima cagüetada, ops!, reportagem da série.

06 outubro 2005

Indignação, caixa dois e as crianças pobres

Por Olvídio Mor Horelhãns

A indignação é um dos combustíveis dos jornalistas de A Primeira Vítima. Essa característica é uma das que levaram o veículo ao grande sucesso de público, crítica e cofre. Em conseqüência, A Primeira se torna alvo de muitos larápios por aí. Por isso, o Conselho Egóico, instância deliberativa máxima do Conglomerado A Primeira Vítima, reforça veementemente, ou com veemência, como queiram, o teor do comunicado veiculado na página principal deste noticioso.

O documento, que explicita mais uma vez a linha editorial de A Primeira, trata da atitude do árbitro Evanílson Pilantra do Caralho. Este senhor tentou vender uma entrevista exclusiva a vários órgãos de imprensa, inclusive e sobretudo à Primeira. A Central A Primeira Vítima de Jornalismo (ACAPVJ) não se submete a tal expediente. Todos os funcionários trabalham das 8 às 18 horas, com duas horas para almoço (essa nem eu entendi).

Embora nadando em dinheiro, ACAPVJ reafirma seu compromisso em não inflacionar o mercado, praticando apenas os preços de tabela. Por fim, condenamos qualquer tipo de caixa dois. O que vale para ACAPVJ é o caixa cheio. Sobre as criancinhas pobres, é de bom tom fazer menção a elas; a gente se sente melhor por isso, o que nos livra de toda e qualquer culpa. (Eu não tinha melhor encerramento para o texto aí resolvi piorá-lo um bocadinho mais.)

05 outubro 2005

Diante da verdade

Por Olvídio Mor Horelhãns

O jornalismo sério busca a verdade. O caminho é difícil e nem sempre é possível percorrê-lo satisfatoriamente. Sabedor disso, o profissional de A Primeira Vítima deve ouvir todos os lados, postura que não garante o sucesso da empreitada. Mesmo assim, vale o procedimento. Porém há situações – raríssimas, diga-se – que a verdade é irrefutável, não havendo mais a necessidade de dar voz a quem quer que seja.

A matéria “
Cerro defende-se e diz que rampas são exemplo de planejamento”, de Zurick Spantus, demonstra claramente que o repórter não precisou ir muito longe para chegar à verdade. Bastou entrevistar o prefeito de São Paulo, Sozé Cerro. Seria exagero de minha parte afirmar que Cerro seja o dono da verdade. Mas que ele a administra com competência, seriedade e planejamento eficaz, não resta a menor dúvida. Portanto, configura-se neste caso uma exceção à regra, ou seja, ouvi-lo é o suficiente.

A atenção do repórter, entretanto, é determinante para a qualidade da matéria. Ele não deve perder nada do que Cerro dita. Caso o jornalista tenha dificuldades em anotar, é imperativo ter em mãos um gravador. Ainda assim, se a fala do prefeito contiver alguma imprecisão – algo inimaginável –, há a necessidade de pedir, com muita educação, para que ele repita até chegar à perfeição que lhe é peculiar. Não é todo o dia que estamos frente a frente com a verdade. Devemos valorizar esses momentos. E foi o que fez o brilhante repórter Zurick Spantus.

04 outubro 2005

Como ampliar a qualidade de uma reportagem

Por Olvídio Mor Horelhãns

O jornalismo avança em qualidade quando amplia o grau de conhecimento de seu destinatário, seja ele leitor, ouvinte, telespectador ou internauta. Trata-se do maior desafio da era da comunicação instantânea. A informação é farta, com tendência à segmentação. Por isso, não basta informar. É necessário acrescentar. Sinceramente: paguei um pau pra essa introdução.

Há dois pontos importantes na matéria “
Mendigos prometem instalar ‘calçadas antiprefeito’ em São Paulo”, de Paco Figueroza. Um deles é positivo. O repórter de A Primeira Vítima utiliza com singular talento o fotojornalismo para flagrar um belíssimo ato de cidadania. Com isso, percebemos que a população está cada vez mais organizada para expressar junto às autoridades competentes suas idéias, sobretudo as de sabor limão.

Porém, para ampliar o leque de conhecimento de nossos leitores, Paco deveria ter ouvido especialistas na matéria. Esse é o ponto negativo da reportagem. Afinal, o leitor se pergunta: qual seria a melhor posição para desferir uma tortada? O sabor interfere no impacto facial? Quem é o atual campeão mundial da modalidade? O Brasil está bem representado no segmento? O profissionalismo já chegou em nossas fileiras? O agraciado com tal iguaria tem o direito de passar o dedinho na face para certificar-se do sabor escolhido? E se este não for de seu agrado, vale repetir a dose até acertarmos, por tentativa e erro, a preferência do sujeito?

Entendidos não faltam para responder a essas e outras questões. De memória me vêm o palhaço Bonzo, o Salci Lulu, o Papai Bapudo e a Bozolynna. Há também o Renato Agrião, carinhosamente conhecido no Brasil como Dydy. E no campo internacional existem boas opções, como o Pica Par e o George W.C. Bucho. Portanto, Paco perdeu uma boa chance de prestar um belo serviço de esclarecimento aos nossos leitores.