Como ampliar a qualidade de uma reportagem
Por Olvídio Mor Horelhãns
O jornalismo avança em qualidade quando amplia o grau de conhecimento de seu destinatário, seja ele leitor, ouvinte, telespectador ou internauta. Trata-se do maior desafio da era da comunicação instantânea. A informação é farta, com tendência à segmentação. Por isso, não basta informar. É necessário acrescentar. Sinceramente: paguei um pau pra essa introdução.
Há dois pontos importantes na matéria “Mendigos prometem instalar ‘calçadas antiprefeito’ em São Paulo”, de Paco Figueroza. Um deles é positivo. O repórter de A Primeira Vítima utiliza com singular talento o fotojornalismo para flagrar um belíssimo ato de cidadania. Com isso, percebemos que a população está cada vez mais organizada para expressar junto às autoridades competentes suas idéias, sobretudo as de sabor limão.
Porém, para ampliar o leque de conhecimento de nossos leitores, Paco deveria ter ouvido especialistas na matéria. Esse é o ponto negativo da reportagem. Afinal, o leitor se pergunta: qual seria a melhor posição para desferir uma tortada? O sabor interfere no impacto facial? Quem é o atual campeão mundial da modalidade? O Brasil está bem representado no segmento? O profissionalismo já chegou em nossas fileiras? O agraciado com tal iguaria tem o direito de passar o dedinho na face para certificar-se do sabor escolhido? E se este não for de seu agrado, vale repetir a dose até acertarmos, por tentativa e erro, a preferência do sujeito?
Entendidos não faltam para responder a essas e outras questões. De memória me vêm o palhaço Bonzo, o Salci Lulu, o Papai Bapudo e a Bozolynna. Há também o Renato Agrião, carinhosamente conhecido no Brasil como Dydy. E no campo internacional existem boas opções, como o Pica Par e o George W.C. Bucho. Portanto, Paco perdeu uma boa chance de prestar um belo serviço de esclarecimento aos nossos leitores.
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