03 agosto 2005

Como evitar o “economês” em um texto jornalístico

Por Olvídio Mor Horelhãns

A economia está na boca do povo. Facilmente vemos, numa mesa de bar, o brasileiro discutindo com empolgação “axiomas da preferência”, “leap-frogging”, “emulação pecuniária”, a “lei da utilidade marginal decrescente” ou a “redibição”. Isso se deve a abnegados do jornalismo econômico como o repórter Paco Figueroza, cujo maior mérito é se desvencilhar do chamado “economês”, ou seja, ir além de números ou termos do setor.

Em “Má notícia: aumento da expectativa de vida causa instabilidade na bolsa”, de 1º de agosto, Figueroza é sensível, claro e honesto. Já de saída presenteia os leitores com uma ótima expressão no título da matéria “Má notícia”, ou seja, tudo que queremos receber.


Posteriormente, ele informa claramente que “Avessos ao risco, os investidores externos acharam prudente retirar seus ativos dos papéis da dívida brasileira. O efeito dominó levou à queda na bolsa, alta no dólar e no risco Brasil, e a novos clamores por elevação dos juros”. Sem o auxílio de qualquer número, percentagem, cifra ou valores, o jornalista conseguiu dar uma alma ao seu texto. Esse garoto vai longe.

Por fim, sem deixar escapar sequer um risinho de sua parte, Paco Figueroza enche de esperanças uma camada expressiva de leitores de terceira idade de A Primeira Vítima. “Para isso, os analistas recomendam a adoção de medidas que impeçam um novo aumento na expectativa de vida. ‘A alta na mortalidade certamente demonstraria um cenário de mais confiança’, opinou Jack Debraban, da Consultoria Pendências”. É o tipo de opinião que cai como uma chuvinha de fim de dia ensolarado, após pipocas e uma sessão da tarde com o clássico filme “As trapalhadas de um trapalhão atrapalhado na Trapalhândia”, em ouvidos de técnicos atentos à realidade nacional do Ministério da Fazenda, Sítio ou Uma Casinha de Sapê (MFSUCS).


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