A função social do jornalismo declaratório
Por Olvídio Mor Horelhãns
Caro leitor, imagine aquele sujeito que passou pelos melhores colégios, graduou-se (às vezes mais de uma vez) nas universidades de ponta do Brasil e do exterior. Fez pós. Leu os clássicos. Assistiu aos clássicos. Ouviu os clássicos. Comeu os clássicos para depois arrotar e peidar os clássicos. Tudo com a maior classe.
E ainda, numa tacada só é capaz de dizer qual a ordem dos quadros nos maiores e mais importantes museus do mundo. Qual o talher certo para o rango certo, ou melhor, para a refeição adequada. Conhece vinhos como nós conhecemos os nomes das ruas. Veste-se impecavelmente. Discute com desenvoltura de física quântica a voto distrital misto. Sabe o momento exato para aplaudir o que quer que seja.
Pois bem. Agora imagine a força que esse sujeito faz para reprimir aquela vontade louca que sente em ler uma “Taras” (revista fútil especializada em futilidades) ou uma “Confico” (dedicada às novelas que muitos deles acompanham, mas sem dar güela) ou mesmo em participar de um debate num programa tipo Super Popi. Difícil, não? Para ajudá-los é que existe o jornalismo declaratório, cujos críticos descem a lenha. Eles não conseguem perceber a função social de tal modalidade jornalística. Lamentável.
Os profissionais de A Primeira Vítima sabem de suas responsabilidades. Com grande capacidade de percepção selecionam com exatidão as falas que suprem as mais densas curiosidades. Com isso, nosso público fica sempre bem informado das mais refinadas fofocas. Foi o que fez Julinha Botelho em “Urucubaca ameaça desenvolvimento sustentável, diz Dudda”. A matéria é um bom exemplo de ti-ti-ti de altíssimo nível.
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