20 fevereiro 2006

Orgulho nacional

Por Olvídio Mor Horelhãns

O cinema brasileiro vem recebendo o devido reconhecimento, aqui e no exterior. Não vive mais de “fases”. Experimenta, sim, uma evolução. Antes, bastavam uma câmera na mão e uma idéia da cabeça. Hoje, não. Infra-estrutura, produção e financiamento são indispensáveis à qualidade da película.

Dentro dessa evolução, é possível também notar que o profissionalismo veio para ficar. Diretores, atores e produtores investem cada vez mais em especialização. Portanto, é natural esperar do jornalista o mesmo profissionalismo e a mesma qualidade na cobertura do setor. Infelizmente Oscar Alho pecou em sua última matéria, “ESTRÉIA: CINE IMPUNIDADE”.

Vamos às cagadas do repórter. De saída, faltou a famigerada frase “baseado em fatos reais” para destacar a importância de “Carandiru - Licença para Matar”. O filme recebeu diversas estatuetas da Academia de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos.

Entre as categorias premiadas estão: melhor diretor (Luiz Antônio Gleury Filho), melhor ator (Cel. Hubiratã), melhor maquiagem de informações à época do evento, melhor fotografia de corpos devidamente trucidados, menor remorso (se é que existiu), prêmio este divido por Gleury Filho e Hubiratã, melhor dever cumprido e, para orgulho nacional, melhor massacre de presidiários.

Ora, devido à tamanha importância do feito brasileiro, o repórter deveria ter ouvido o diretor e o ator, ambos agraciados de forma muito especial pela Academia. Essa foi a maior reclamação dos leitores, ouvintes e telespectadores d’A Primeira Vítima. Eles também ficaram curiosos em saber se a obra foi toda realizada em plano-seqüência (aquela que se chega atirando sem cortes da cena) ou houve interrupções para escolher quais detentos iriam pro vinagre.

A preguiça, o relaxo e a má vontade de Alho também não permitiram aos amigos d’A Primeira obterem detalhes de como foi a co-produção do premiado filme. Por fim, errou em não dar espaço para aqueles que apóiam o cinema nacional. Sem patrocínio, não é possível elevar a arte deste país.

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